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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Mudar é preciso

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Há quem pense que uma transferência de lugar promovida pelo bispo em relação ao responsável por uma paróquia tenha a ver sempre com descontentamento, correção ou punição. Quem pensa assim se desprende da fantástica oportunidade de contemplar o dinamismo missionário como componente essencial do serviço prestado pelos padres às comunidades cristãs. Transferência de lugar é um recurso antigo na Igreja para ajudar todos, padres e paroquianos, a oxigenar suas práticas e a crescer na fidelidade ao evangelho.

O tempo, os costumes, os hábitos administrativos, as acomodações pastorais naturais acabam por exigir que, de vez em quando, se faça uma movimentação dentro do clero e se ofereça uma nova oportunidade de trabalho para aqueles que se dispõem a renovar-se com alegria e serenidade. A esses e às suas comunidades aparece, seguramente, um tempo novo cheio de graça e de ventos favoráveis para o engrandecimento da ação evangelizadora. Isso sem falar que ajuda na essencial prática do desapego e na incrível experiência do recomeço esperançoso.

Várias comunidades da Arquidiocese de Goiânia estão vivendo, neste início de 2011, uma experiência de mudança de pároco. Os padres estão sendo convidados a se despedirem de seus queridos irmãos e irmãs de um determinado lugar no qual estiveram por muitos anos para ir enriquecer a vida e a caminhada de outras paróquias. As comunidades reagem de modo compreensível quando lamentam essas transferências. Os padres também enfrentam fortes momentos de discernimento, mas todos se abrem de maneira edificante ao novo quadro de trabalho evangelizador nos 27 municípios que compõem a arquidiocese. Se em algum lugar, esse tipo de situação causa tensões maiores, pode-se procurar, com fraterna disposição, encontrar o modo certo de salvaguardar valores essenciais como o respeito, a paciência, o espírito de sacrifício e a coragem de enfrentar desafios. Em raríssimos casos de conflitos abertos ou de insatisfações mais radicais, é importante descobrir o caminho de volta ao bom senso e ao da busca da libertação interior proporcionada pelo evangelho de Cristo que aponta para o compromisso com o serviço livre e desinteressado.

Não é o caso de elencar as razões atuais e concretas mais importantes para realizar essa movimentação, mas está no coração de nossa Igreja Particular o desejo já antigo de dar aos novos padres oportunidades de assumir comunidades mais carentes e necessitadas do vigor dos jovens. Entre os sacerdotes mais idosos que se encontram há décadas no mesmo trabalho também crescia, com manifestações esporádicas, a disposição de buscar novos horizontes. Os padres que estão com plenas condições de trabalho não encontram dificuldades maiores para reorganizações tão positivas e importantes para o fortalecimento da missão da Igreja. E, claro, as comunidades onde esses valentes sacerdotes servem têm também dado sinais frequentes de que algumas mudanças seriam muito saudáveis e concorreriam para o bem e a garantia do encantador anúncio da Boa Nova.

Como Pastor dessa porção maravilhosa do Povo de Deus, tenho vivido com os padres e com todos os membros das comunidades, as expectativas, e procurado compreender as reações diante dessas mudanças.
Nossa intenção é profundamente abençoada pelo dever de buscar o melhor para o trabalho pastoral. Ainda que o anúncio oficial não tenha sido publicado, nas comunidades estão acontecendo as transferências e a maior e mais consistente parte do efeito dessa movimentação é marcada pelo comovente bem-querer que as pessoas têm pelos seus párocos, pela alegria em receber novos coordenadores para o trabalho de evangelização e pelo belíssimo testemunho de desapego dos nossos sacerdotes. A Igreja toda se renova e se alegra com o resultado desse movimento. A arquidiocese de Goiânia que está às portas da realização do seu primeiro Sínodo Arquidiocesano fica ainda mais forte para aprofundar seu compromisso com a Palavra de Deus, celebrar, na fé, o mistério do Cristo e de expandir as raízes da sua prática da caridade.

Dom Washington Cruz
Arcebispo Metropolitano de Goiânia

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