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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Entrevista com o Vigário Episcopal para a Saúde

Pe Walmir Garcia - Vigário Episcopal para a Saúde
Nesta sexta-feira, a Igreja celebra o Dia mundial do Enfermo e Dia de Nossa Senhora de Lourdes, patrona dos doentes. O Setor de Comunicação convidou o Padre Walmir Garcia para responder algumas perguntas a cerca da saúde. Confira abaixo a entrevista.

O que o senhor pensa a respeito do sistema de saúde brasileiro?
A saúde no Brasil vai de mal a pior, está enferma, agonizante. É lamentável que as autoridades competentes não assumam o seu papel. Pagamos impostos para que sejam bem aplicados e a saúde é uma área que precisa de muito investimento, assim como a educação e a moradia. Não existe política de saúde para o nosso povo pobre, que vive à mercê de um sistema corrupto e injusto. Nós precisamos nos organizar para reverter esse triste quadro em nosso país.

O que poderia ser feito para suprimir a demanda na rede pública de saúde?
Em primeiro lugar destinar os recursos necessários e que já existem. Criar políticas que respeitem o nosso povo sofrido. Concurso público para a área que está defasada.

Você considera os profissionais da área de saúde preparados e valorizados?
Não são valorizados e nem estão preparados. Se um médico não atende direito uma pessoa, não lhe dá a devida atenção, é sinal de que ele não está preparado. O paciente não é culpado pela má remuneração do médico ou de qualquer outro profissional da saúde. Mas vejo que esses profissionais são desvalorizados, porque não se investe em saúde pública no Brasil.

Atualmente, chegamos a um desenvolvimento científico e tecnológico jamais visto no campo da saúde, mas algumas doenças, do ponto de vista científico, ainda são incuráveis. O que a Igreja pensa a respeito da cura?
A Igreja sempre acreditou na cura, seja pelos meios científicos, seja pela intervenção divina.
No campo científico e tecnológico, vemos um desenvolvimento maravilhoso, mas infelizmente ainda temos doenças incuráveis devido à falta de investimento em determinadas pesquisas. Em minha opinião vejo que muitas doenças ainda não têm cura devido à falta de interesse em erradicá-las, pois a indústria farmacêutica não tem interesse na cura, ganharia menos com isso. Essa prática é diabólica e desumana, mas infelizmente existe.

Como a fé contribui para a cura?
A fé é fundamental na busca da cura. Não podemos e nem devemos prescindir dos recursos da medicina, e muito menos prescindir da fé. As duas devem andar juntas, a razão e a fé. A fé nos dá ânimo, nos dá esperança e vigor no enfrentamento dos males que nos afligem. Se fizermos um tratamento com desânimo, o remédio poderá não fazer o efeito esperado. Conheço pessoas que foram curadas pela fé, tratando na medicina tradicional, mas buscando apoio na fé. Tem um ditado com o qual concordo: “Um copo d’água tomado com fé, remédio é!”

Qual a atitude do homem com relação àquele que sofre?
Compaixão, a mesma atitude de Jesus expressa na Parábola do Bom Samaritano (Lc 10,30-37). Todos nós devemos ter compaixão dos que sofrem, mas entendamos bem o que é compaixão. Compaixão não é dó dos sofredores, mas uma atitude que nos leva a sofrer com a pessoa e um desejo de ajudá-la a superar o sofrimento, sendo solidária com ela; tendo amor para com a pessoa sofredora.

Na mensagem do Papa para o Dia Mundial do Enfermo, ele exorta as autoridades, a investir cada vez mais energias em estruturas médicas que sirvam de ajuda e apoio aos sofredores, sobretudo aos mais pobres e necessitados. E o que o cidadão pode fazer para que essa medida seja colocada em prática?
Eu creio muito na organização popular. Enquanto não houver organização para exigir políticas mais humanas não as teremos. A Igreja exerce seu papel de orientar as pessoas para o bem, isso é evangelho. O Papa nos convida a uma séria reflexão sobre o investimento que nossos governantes deveriam fazer para o bem da humanidade e nós, como seguidores de Jesus, devemos acolher esses ensinamentos e lembrar as autoridades sobre o seu verdadeiro papel e missão.

Recentemente o senhor assumiu o Vicariato para a Saúde. Existe algum projeto para essa área, qual?
Nosso Arcebispo criou o Vicariato para a Saúde, que já existia com outro nome, unido à dimensão da Caridade. Ainda não temos um projeto elaborado, pois este Vicariato é muito recente, apenas as orientações do Arcebispo sobre o que ele, como autoridade da Igreja quer neste setor. A orientação dele é que procuremos ações que ajudem o nosso povo sofredor a ter consolo e esperança. O pedido de Dom Washington é que promovamos um atendimento mais eficaz aos enfermos nos hospitais e nas casas. Isso deverá ser feito de modo gradativo, através de curso de preparação de agentes pastorais para atendimento aos enfermos, maior e melhor distribuição de tarefas para visitas aos sofredores e muitas outras ações que iremos incorporar neste Vicariato.

Quem faz parte do Vicariato para a Saúde?
Ainda não formamos a equipe do Vicariato, mas certamente farão parte os Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística das diversas paróquias de nossa Arquidiocese, os padres e agentes de pastoral. Também é objetivo nosso convidar médicos e outros profissionais da área da saúde para orientar e também serem orientados no atendimento mais humano das pessoas enfermas.

Quais os desafios existentes?
Vejo como desafio a dificuldade de acesso aos hospitais, alguns têm resistência às visitas pastorais; família composta de diferentes denominações cristãs que dificulta o acesso dos agentes de pastoral no atendimento aos enfermos; política deficitária para a saúde; falta de uma consciência cristã para o enfrentamento da enfermidade e muitos outros desafios.

Há alguma programação para o Dia Mundial do Enfermo na Arquidiocese de Goiânia?
O Dia Mundial do Enfermo, 11 de fevereiro deste ano, será celebrado na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, na Nova Vila. Para os próximos anos se pensa em fazer uma celebração Arquidiocesana neste dia, talvez na sede do Vicariato, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Matriz de Campinas. É uma proposta, vamos ver como ficará daqui para frente.

Perfil
Padre Walmir Garcia dos Santos, C.Ss.R., é missionário redentorista e atualmente é o pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Campinas e reitor do Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Atuou, por muitos anos, como formador dos futuros missionários redentoristas. Já foi Superior Provincial dos Redentoristas de Goiás e Reitor do Santuário de Trindade. Sempre às segundas e quintas-feiras participa do Programa Humberto Aidar, transmitido todos os dias pela Rádio Difusora de Goiânia, das 10 às 12h. Nesse programa, ele responde aos questionamentos dos ouvintes. Atualmente é Vigário Episcopal para a Saúde. 

 FONTE: VICOM - Arquidiocese de Goiânia

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