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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Ao abrir a Feira da Solidariedade, dom Washington afirma que ser solidário é partilhar direitos e obrigações


“Ser solidário é partilhar com os outros, direitos e obrigações. Para o cristão que anuncia com a sua vida o Evangelho, praticar a solidariedade é fazer tudo o que for preciso para que as crianças sorriam, os idosos não sofram, em síntese, para que a qualidade de vida de todos melhore”. Com esta mensagem, o arcebispo de Goiânia e grão chanceler da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, dom Washington Cruz, abriu na manhã desta quarta-feira, dia 1º, a sétima edição da Feira da Solidariedade, que se estenderá ao domingo, dia 5, na Estação de Goiânia.
“A nossa Feira, além de ser evidente espaço de comercialização e de trocas sociais e culturais, deve testemunhar a real possibilidade de colocarmos em prática a virtude da Solidariedade”, completou.

Mensagem
A mensagem de dom Washington Cruz, na abertura da Feira da Solidariedade 2010 tem a seguinte íntegra:

Os preparativos para o Natal já começaram. O movimento nas lojas e nos centros comerciais intensificou-se. As ruas de Goiânia se encheram de luzes e cores. A atmosfera é de festa. Tudo pode nos ajudar a celebrar o Natal. Mas também, tudo pode nos distrair do Natal, e até nos fazer esquecer o nascimento de Jesus e o amor que Ele nos trouxe. Seria talvez como se contentar com o papel enfeitado do embrulho e esquecer o presente que ele envolve.
O Natal é o acontecimento central da História. Deus, na pessoa do Filho, nasce no mundo, entre os homens.

É um acontecimento único. Surpreendente. Uma notícia inaudita. A mais bonita nunca antes ouvida.

Jesus é o grande presente de Deus para nós. Para todos os que precisam. Nasceu pobre e humilde como se não tivesse lugar no mundo. Por circunstâncias políticas, nasceu fora de casa, no silêncio duma gruta. A mãe, Maria, “envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lucas 2,7).

Também não encontraram lugar no seu País. O rei Herodes tinha ouvido falar do nascimento de um príncipe. Sente-se ameaçado e procura-o com o intuito de matá-lo. Jesus e sua família não têm alternativa; a não ser exilar-se no País vizinho, o Egito, onde permanecem até a morte do ditador. São refugiados numa terra estranha, com uma língua e cultura diferentes. Passam-se alguns anos antes de poderem fixar-se e ter uma morada permanente. Estes episódios bíblicos da vida de Jesus vieram-me à mente lendo uma entrevista de um jornalista europeu sobre sua visita a um País da África.

Ele diz: “Tive a oportunidade de encontrar um grupo de refugiados, entre os quais se encontravam algumas famílias. Constatei que elas vivem em sua carne a experiência de Belém e do Egito. Para fugirem da guerra, da perseguição racial, política ou religiosa, tiveram que abandonar o seu País. Deixaram Angola, Etiópia, Ruanda, Somália... Partiram à aventura e percorreram milhares de quilômetros. E passam a enfrentar, na África do Sul, onde chegam, um mundo menos acolhedor do que esperavam. São discriminados, sofrem a fome e vivem ao deus-dará. Poucos os ajudam.

Amigos e amigas, no Natal de Jesus encontra-se a origem e a referência fundamental de todos os projetos de solidariedade, portanto, também desta 7ª Feira da Solidariedade, que estamos tendo a alegria de inaugurar.

O Natal é uma grande lição de solidariedade. O Natal desperta, em toda parte, iniciativas de bondade e ternura, mostrando a parte mais luminosa da alma humana. Neste tempo, a solidariedade abre-se naturalmente ao irmão, tanto ao que se vê como ao ausente. No Advento e Natal, as mãos que habitualmente se abrem para receber, estendem-se também para repartir. As quatro semanas do Advento constituem uma escola prática de solidariedade que ensina os olhos a ver, os ouvidos a ouvir, o coração a se abrir à ternura e ao amor, de forma a transmitir a esperança cristã e o homem acredite que Deus está conosco. Ele é o Emanuel. Com os olhos postos no presépio, alarguemos os horizontes de nossos presentes de Natal e solidarizemo-nos generosamente com aqueles que mais precisam, a exemplo de Jesus, que veio dar a vida por todos (Jo 10,10).

Irmãos e Irmãs, a dignidade humana, sua promoção e defesa é uma tarefa essencial da missão da Igreja Católica que se expressa através do “compromisso solidário”.

Mas que é solidariedade?
A solidariedade é uma dimensão fundamental do ser humano e sua expressão concreta implica o compromisso não só com nossos próximos, mas também os mais pobres e marginalizados, aquelas e aqueles que possuem o rosto de Jesus refletido em seus próprios rostos. A Solidariedade é a expressão mais profunda de uma fé comprometida.

A solidariedade é a expressão da dimensão comunitária da sociedade, em que o bem comum prevalece sobre o interesse particular, de indivíduos, grupos ou minorias, em que a partilha sublinha a fraternidade e o sentido de serviço inspira a convivência coletiva.

Uma das consequências do pragmatismo imediatista na busca das soluções é o acentuar de atitudes de individualismo, por vezes egoísta, de pessoas e de grupos, toldando a perspectiva do bem comum da sociedade e dando, por vezes, dimensão nacional a interesses de grupos, que pouco ou nada dizem ao conjunto do Povo.         

Precisamos acentuar uma cultura da solidariedade, em que os direitos dos indivíduos cedam perante as exigências do bem comunitário, e a Nação apareça como comunidade de ideal, na análise dos problemas e na busca das soluções. Para os cristãos, o dever do amor fraterno é a base da solidariedade.É importante resgatar o duplo significado da palavra solidariedade:

Em primeiro lugar seu significado mais comum, que tem a ver com a ajuda de quem tem a quem possui menos ou quase nada. Há aqui um ato generoso, caritativo, que nasce, na maioria dos casos, da boa vontade e que busca as melhores intenções.

Por outro lado a solidariedade conota um ato de responsabilidade social. É uma ação que nos envolve individual e socialmente. Neste sentido, não pode haver solidariedade sem esta responsabilidade, pois o mero ato generoso sem envolver-nos, sem compreender as raízes da desigualdade, sem aproximar-nos da humanidade das e dos que recebem nossa ajuda, é uma solidariedade pela metade, incompleta, mecânica.

E que é ser solidário?
Ser solidário é partilhar com os outros, direitos e obrigações. Para o cristão que anuncia com a sua vida o Evangelho, praticar a solidariedade é fazer tudo o que for preciso para que as crianças sorriam, os idosos não sofram, em síntese, para que a qualidade de vida de todos melhore.

Quem é solidário não pergunta apenas que será de mim? É também capaz de perguntar que será do outro? Quem é solidário não se limita a papaguear as teóricas declarações dos direitos humanos, da criança, do doente, do portador de necessidades especiais e outras. Vai mais além. Respeita os direitos dos outros e compromete-se com eles. Defende os injustiçados e socorre os necessitados, colocando em prática pregação de João Batista, o Profeta do Advento: “Quem tem duas túnicas reparta com aquele que não tem. E quem tem mantimentos proceda da mesma forma”. (Lc 3, 10-18).

Dom Helder Câmara perguntava: “As pessoas são um peso para ti? Não as carregues nas costas. Leva-as no teu coração! (Dom Hélder Câmara)

Amigos e amigas,
É motivo de grande alegria a realização de mais esta Feira da Solidariedade, que chega à sua 7ª edição. A nossa Feira, além de ser evidente espaço de comercialização e de trocas sociais e culturais, deve testemunhar a real possibilidade de colocarmos em prática a virtude da Solidariedade. No espaço da Feira todos nos somamos: Estado, Município, Empresas solidárias, Instituições Eclesiais num grande mutirão que tem o ser humano como único e principal destinatário. Movidos pelo ideal cristão e atentos à urgência e ao mandamento do amor solidário, como sinal distintivo dos que amam a Deus, queremos dizer ao mundo que é possível um novo mundo. Que podemos continuar sonhando e construindo uma sociedade como expressão do Reino de Deus aqui na Terra. Que somos uma grande família composta por pessoas diversas e diferentes, mas que temos a alegria de compor a família do Pai Eterno. Família que tem em Nossa Senhora, Maria de Deus, a Mãe que nos revela, em seu próprio “sim” a Deus, a concreta solidariedade do homem para com o próprio Deus. Tal como Maria disse o seu “sim”, agradeço a todos os senhores empresários e dirigentes de instituições públicas e sociais pelo “sim” que cada um deu ou está dando a fim de que a Feira da Solidariedade possa sempre ser um grande luzeiro de solidariedade aceso no Centro-Oeste. “Que todos vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos céus”. (Mt 5,16).
Meu cordial muito obrigado! Boa Feira para todos!

Dom Washington Cruz, CP.

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